Takashi Morita, 151p.
“Tempos de guerra são tempos de absurdos, e o pior que pode acontecer ao ser humano é ver o absurdo como algo normal. Isso nos priva de nossas maiores virtudes: amar e sentir compaixão.”
O fato: agosto de 1945, às 8h15 foi lançada da aeronave Enola Gay a bomba conhecida como “Little Boy”, contendo 65 kg de urânio. Quarenta e três segundos depois, ela foi detonada, cerca de 600 metros acima da cidade. No epicentro a temperatura chegou a mais de um milhão de graus Celsius, suficiente para fundir aço. As pessoas nesta área praticamente evaporaram.
O autor vai relatando sua vida desde criança, dos valores japoneses, da Pátria, de como a vida ensina.
Imaginem que ele tinha um irmão que, aos 17 anos, se inscreveu para ser kamikaze. Ah… por favor!!!! Se sacrificar para defender o quê?!?!? Não. Não consigo cenceber e nem entender!
Ele conta como e porque estava em Hiroshima no dia do lançamento da bomba e, o que me marcou foi que, logo após o choque (ele estava a 1.3 km do epicentro), ele diz: “E então tudo se fez silêncio e escuridão, na cidade e na alma de todos que estavam ali.”
Vai descrevendo cenas surreais logo após a explosão atômica. O dia virou noite e depois dessa nuvem começou a cair uma chuva negra, radioativa.
Descreve a angústia de ter a cidade devastada e não saber o que estava acontecendo. Ele menciona que só de respirar podia sentir o grau de destruição.
Após Hiroshima e Nagasaki, o Japão se rendeu e, pior, para muitas pessoas, o fim da guerra não era um alívio, mas uma vergonha para a Pátria (leiam Corações sujos de Fernando Morais). Orgulho besta!
Para ajudar, e foi uma novidade para mim, no meio de setembro, para ajudar a cidade já devastada pela bomba, chegou na região o tufão Makurakazi, para completar a destruição, mas que também ajudou a limpar ambas as cidades da radiação produzida pelas bombas.
No mais ele descreve sua luta pós-bomba. A construção de sua vida pessoal e a luta pela paz e anti-radiação que ele e a esposa se empenharam criando inclusive uma associação. Conta como foi reconhecido e como divulga sua história.
“Foi com imenso pesar no coração que relembrei esses tempos e contei minha história até aqui. No entanto, sei que minha experiência pode ajudar outras pessoas a perceber as consequências de uma guerra, os riscos da energia nuclear e o que pode acontecer quando estamos cegos por algum idealismo radical e egoísta.”
Foi uma leitura bem interessante e informativa.
Curti!