22.Quarto de despejo – Diário de uma favelada

Carolina Maria de Jesus, 199p. Quarto de despejo

Por muito tempo queria conhecer esta historia, mas ora não havia à disposição, ora o preço não permitia a aquisição, até que joguei tudo para cima e encarei a compra.

No enredo o cotidiano de uma favelada, com a linguagem de quem estudou pouco. A visão de alguém “de dentro” da favela, descrevendo o trabalho, a fome, a “politicagem”, os rebuliços e outras passagens, além dos seus questionamentos sobre os seus sofrimentos.

Para mim foi uma leitura interessante, mas que não rendia. Como as passagens por vezes são repetitivas, a leitura não flui, mas não quero dizer que não seja interessante porque é!

“Quando a gente perde o sono começa pensar nas misérias que nos rodeia.”

Os erros de português foram deixados propositalmente para dar maior realidade ao livro e vem: cançada, puzeram, visinho, localisar, organisação, eleitoraes, purtuguês, sosinho, horrorisada, geito, chingando, puis, iducação, mas são erros comuns, apesar de grosseiros. Na verdade pareceu-me admirável ela escrever tudo o que escreveu e com tão pouco estudo.

A escrita auxiliou-a a melhorar a sua vida e retirou-a da favela que ela tanto detestava, e isso me deixou extremamente feliz. Triste saber que ainda existem pessoas como ela, que fazem o impossível para sobreviver e ainda assim acabam vasculhando o lixo para comer. Mas, como saber quem é honesto e quem não?!?! O mundo, as pessoas, estão confusos para mim!

“O meu sonho era andar bem limpinha, usar roupas de alto preço, residir numa casa confortável, mas não é possível. Eu não estou descontente com a profissão que exerço. Já habituei-me a andar suja. Já faz oito anos que cato papel. O desgosto que tenho é residir na favela.”

Ela catava ferro e papel. Vivia cansada, “quebrada”, lutando contra a fome, preocupada com os filhos e seguindo. Conhecia os locais que dava comida ou onde buscar sobras como no frigorífico. Interessante como ela sempre menciona a vontade de escrever. E este hábito faz com que ela siga, foi desta forma que senti. Ela é uma sonhadora, mas consciente da situação em que vive e da sociedade que a rodeia.

O texto ocorre como um diário. O relato é de 1950, na favela do Canindé (extinta). As dificuldades que ela nos conta são imensas e a critica dela em relação a favela é bem parecida com a que tenho, só que ela tem a real vivência. Isso foi interessante de ver e sentir. Ela também era muito consciente da política da época e do que eu diria que ainda é.

“No nosso país tudo está enfraquecendo. O dinheiro é fraco. A democracia é fraca e os políticos fraquíssimos. E tudo o que é fraco, um dia morre.”

Foi interessante! Uma leitura que eu já recomendei a pessoas próximas de mim! Ainda bem que o jornalista Audálio Dantas a descobriu e a história chegou até nós e segue entre nós. Já foi traduzida para 14 idiomas.

21. Viver bem é a melhor vingança

Calvin Tomkins, 126p.

Viver bem é a melhor vingançaO casal que serviu de inspiração para Fitzgerald criar as personagens principais de Suave é a noite não é para ser desprezado, né? E eles são as personagens principais desta obra. Por sinal, obra editada em parceria com o MoMa de New York, portanto também abordando os aspectos da arte do marido, mas para mim o mais interessante foi a ida para a Europa do casal com seus filhos e com a hospitalidade admirável deles e o círculo de amizade que tinham que incluía escritores (Fitzgerald, Hemingway), pintores (Picasso, Léger) e outros artistas que já eram ou posteriormente seriam mundialmente conhecidos, mostrarem a vida deles por esta perspectiva.

O casal aproveitou a vida, mesmo com suas adversidades, mas não percebi nada de tão diferente como eu esperava, exatamente porque eu criei a velha expectativa. Vi uma família, com acesso a dinheiro, vivendo bem onde quer que seja. Foram notáveis em educação, conhecimento, amizades e discrição, mas com a vida como a nossa em termos de decisões e/ou problemas que surgem no cotidiano de cada um.

O livro é bem caprichado, com uma bela diagramação e o mais legal em biografias: imagens.

Uma leitura leve que nos traz informações sobre a loucura dos anos 1920!

20. A queda

Diogo Mainardi, 150p. A queda

Após um erro médico no parto, seu filho nasce com paralisia cerebral. É real. Ele vai fazendo comparações com partes da história e o ciclo de vida do seu filho, além de deixar muito claro o amor que sente pelo filho.

Às vezes frio, às vezes comovente, às vezes esclarecedor, em outras informativo, é fácil de se ler e de acompanhar os lemas e dilemas do autor que todos conhecemos, pois é um jornalista da GloboNews.

Uma mistura de vida, literatura e arte nas 424 considerações do livro, inclusive contamos o início do holocausto, que eu não sabia e outros aspectos históricos da arte, de Veneza, entre outros.

O título advém do fato do filho, com sua dificuldade, cair algumas vezes e, de como essas quedas ensinaram pai e filho que o importante é saber cair!!!

19. Juntos para sempre!

Juntos para sempreDr. Lew Richfield e Dra. Gloria Richfield, 221p.

Auto-ajuda que não é o meu forte, mas veio até mim e eu encarei!

Tenta auxiliar os leitores a entenderem mais sobre si mesmos e sobre os parceiros.

Os autores são um casal, terapeutas de casais e de famílias, casados há quase 50 anos, e através de 125 chaves, eles demonstram os segredos profissionais e pessoais para um casamento duradouro e feliz!

Os temas abordam desde sentimentos, tomadas de decisões, personalidades, romance, passando por diferentes fases que um relacionamento passa até sexo.

Através das 125 chaves, eles tentam passar princípios psicológicos através de conselhos práticos, oferecendo ferramentas para superar e/ou entender diversas situações corriqueiras que ocorrem na convivência.

Se você está interessado em manter seu relacionamento estável e que seja duradouro, nunca é demais uma forcinha do que é óbvio e, às vezes nem tanto para a nossa mente!

Vivendo e tentando aprender todos os dias!!!

 

 

18. A peculiar tristeza guardada num bolo de limão

Aimee Bender, 303p. A peculiar tristeza guardada

Já havia ouvido falar deste livro e o encontrei em um desses “stands” de 10 reais que surgem em nossa frente quando estamos perdidos em algum shopping. Adquiri um exemplar, apesar dos cerca de 400 que aguardam sua vez lá em casa!

Momento duro na vida, meu pai internado com prognóstico terminal (veio a falecer alguns dias depois), sedado enquanto o coração ainda bate, e portanto eu não queria ler nada que fosse pesado, real ou profundo, então optei por esse exemplar para um voo bate-volta para Confins onde eu tinha uma reunião. Um passatempo leve que me tirasse da confusão e estupor do momento.

História que, quando lida como eu, sem pretensões, é tola, mas se prestarmos mais atenção, notamos uma família-problema, cheia de tristeza, isolamento e conflitos, seja pai, mãe, irmão, a personagem principal ou a avó.

Em alguns pontos a autora saiu dos trilhos e eu achei estranho e perguntei onde a cabeça dela estava. Mas, na maior parte o texto é simples e flui através de capítulos curtos.

O alimento, que é o tema do título, não apareceu como eu esperava. Achei que seria mais cheio de aventura e divertido, um chicklit comédia, mas até então, só a Maryan Keyes consegue tirar-me risos durante este tipo de leitura!!

No final, foi mais dramático do que o esperado, mas nada a tornar-me deprimida!!!

17. Procurando hipopótamos e outras aventuras

Magda Raupp, 190p. Procurando hipopótamos

Histórias e histórias… de vida, de viagens, de arroubos, de família, de aventuras, de tudo.

lendo volumes como esse passo a crer que também posso ser autora de algo, de que minha vida tem momentos interessantes a serem compartilhados e, avalio quantas vezes eu já ouvi: “-Acho que você deveria escrever um livro!”… E eu?!?! Rio….

Ela conta passagens da sua vida, suas venturas, seus 4/5 casamentos, seu tempo fora do País, perrengues, encontros, certezas e muito do que ela percorreu para encontrar-se e seguir. E o importante…. o importante é sempre seguir!

“Chegar é chegar onde você é querido, onde um rosto se ilumina por sua causa, onde seu coração bate mais rápido porque você sabe que está chegando.”

Concordo e digo que chego quando meu coração alegra-se por estar ali. Seja a trabalho, seja à passeio, seja para encontrar meu amor, seja onde for ou como for. Sou daqui, dali, de todos os cantos e…. assim sigo…. feliz!

16. De coração para coração

Lurlene McDaniel, 207p.

Este livro me pegou pela sinopse. De coração para coração

Na trama duas garotas que se conhecem em um hospital tornam-se grandes amigas, mas as duas tinham vidas bem diferentes, entretanto, nada impede que elas passem as férias juntas e uma segure a “barra” da outra, claro que há diferenças entre elas, mas essas não destroem a amizade. Mas, um acidente as afasta e transforma a vida de outra pessoa que esperava um transplante…. e aí…. a velha frase do “senta que lá vem história”!!!! E as histórias se entrelaçam e surge, claro, um drama. Para conhecer sua solução, se é que há, só acompanhando as páginas do livro.

O livro transmitiu-me uma porção de emoções, tentando entender a visão de todos os envolvidos. A narrativa flui com facilidade, portanto a leitura é rápida e prazerosa, apesar do tema, para alguns parecer um pouco pesado.

Para entender um pouco mais sobre o livro acabei conhecendo um pouco mais sobre sua autora que eu não conhecia, entretanto, ela é uma autora norte-americana com mais de 70 livros jovens adultos publicados! Aprendi que ela escreve muito sobre superação devido a um problema enfrentado pelo próprio filho, ou seja, ela escreve um sick-lit que anda na moda entre a juventude!

Se você gosta deste estilo irá adorar. Se não gosta poderá encontrar alguns sentimentos bem proeminentes neste volume. Eu gostei!

 

 

15. Não há heróis

Não há heróisMark Owen, 219p.

“Confiança é uma dessas coisas complicadas que patente e título não compram. Tem de ser desenvolvida por tentativa e erro, experiência compartilhada e comunicação constante.”

Livro escrito por um Seal (tropa de elite norte-americana) que conta sua trajetória desde quando escolheu ser um até as missões fracassadas que participou, passando por seu treinamento, frustrações, exemplos e sucessos.

Percebi quanto de auto-controle eles têm que ter para manterem-se dentro da situação.

Ao longo da leitura percebemos claramente a eficiência dos Seals e de todas as equipes norte-americanas, entretanto, também fica claro que não há preocupação em preparação psicológica pós-traumática, apenas preparação física e mental para os combates que normalmente são um sucesso! Daí podemos entender a quantidade de veteranos de guerra que vivem nas ruas ou em “sub-vidas” nos EUA.

Este foi o segundo livro do autor que esteve em várias missões, inclusive o resgate do Capitão Richard Phillips e na Operação que resultou na morte de Bin Laden.

Boa leitura para quem gosta de entender sobre estratégia e guerra.

Divirtam-se!!

14. Memórias da Emília

Monteiro Lobato, 168p. Memórias da Emília

Quando eu vi a reedição de algumas obras de Monteiro Lobato logo adquiri algumas porque eu seguia a série, a primeira versão (rsrsrs) e li alguns volumes, mas não há recordações de detalhes e, com certeza, na atualidade, após viver alguns anos, a percepção das obras será outra, não?

Comecei encarando este volume e foi uma delícia revisitar personagens tão conhecidos, que viviam lá em casa (rsrsrs). Neste, Emília resolve escrever um livro de memórias, só que quem escreve não é ela; claro que é o visconde, o intelectual da turma.

Há relato desde seu nascimento através dos retalhos da Tia Nastácia, passando por Peter Pan, Capitão gancho e o marinheiro Popeye, sempre com as ideias espertas da bonequinha arteira.

Na verdade um retorno ao meu tempo de criança. Tão gostoso revisitar personagens que eu curtia e me divertia!!!

Em algum momento lerei mais um e depois outro volume das aventuras de todos eles. Por ora, fiquemos com as aventuras da bonequinha mais famosa do Brasil!

 

13. Desculpe, mãe!

Rita Ferro – cartas com Marta Gautier, 253p. Desculpe mãe

“O amor também é isso: confiar, mesmo sem compreender tudo.”

Livro em forma epistolar.

Mãe e filha vão discorrendo aspectos e filosofias da vida de cada uma e como cada uma sente a presença e/ou ausência da outra. Desta forma, a relação entre elas torna-se mais sincera e honesta, com os pontos de melhoria e as incertezas verbalizadas e compreendidas.

“Quando é poética e vivida, a solidão pode ser um estado de incomensurável fecundidade.”

Foi uma leitura rápida, com texto simples, português da “terrinha” (Portugal) e com partes interessantes sobre os dilemas diários de diferentes gerações, uma tentando entender a outra e demonstrando as discordâncias. Foi bom!

“Irritante esta permanente ansiedade das pessoas perante o silêncio, como se a paz fosse sinônimo de depressão.”

Esta última frase é tão eu!!!!! (rsrsrs)