144. Os últimos quartetos de Beethoven

Luís Fernando Veríssimo, 162p. Os últimos quartetos

Autor que dispensa apresentações, já consagrado por aqui, em mais um livro de contos com amor, sexo, relacionamentos, morte, violência, obsessão, incesto, risos, de tudo um pouco como lhe é característico.

Aqui há drama, há comédia, há dúvida, há de tudo com sua escrita característica que flui de modo suave apesar de, algumas vezes, os temas não serem tão suaves, mas que ele faz serem devido a forma como os aborda.

Livro lançado em 2013 pela Editora Objetiva, como sempre tem a diagramação característica dos livros do autor que são bons, gostosos e fáceis de ler pois, além da escrita há esta diagramação muito boa.

Como sempre tem humor entre os 10 contos (tragicomédias) apresentados. Não dá para rir o tempo todo, mesmo porque o autor também, através dos seus contos, faz muita crítica social, e percebendo isso de outros títulos, não era o meu objetivo portanto, fui feliz na escolha! Foi um achado nestas feiras de promoções de livros.

Foi uma leitura despretensiosa, sem nenhuma expectativa e assim, foi bom! Com certeza não é o melhor do autor e, se você não o conhece, comece por outro título pois, este não te conquistará!

 

 

143. O bibliotecário do Imperador

Marco Lucchesi, 112p.

“… leitor, este pequeno deus que infunde vida aos livros mediante o sopro adâmico da leitura.”  O bibliotecário

A base do romance é a figura de Inácio Augusto Raposo, responsável pela biblioteca particular de dom Pedro II, em vista da qual perdeu a própria vida.

Mas, vou te contar que a leitura é confusa. O autor não vai direto ao ponto demonstrando os fatos históricos, mesmo que fossem romanceados, que é o que eu gosto, e isso tornou a leitura um pouco “chata”. Como eu sou teimosa e o livro é curto, eu segui, mas não estava muito envolvida com o “todo”. Uma personagem tão interessante pede um romance mais envolvente, mais “caliente”, com envolvimento aos livros e seu futuro e, não foi isso que consegui sentir neste livro.

Claro, eu sei, não entendo nada de literatura e formas, e o autor é um “imortal” da Academia. Quem sou eu para criticar?!?!? Ninguém. Mas, leiam: não critico a forma, simplesmente esperava outra abordagem do conteúdo e, acabei me decepcionando, mas tenho certeza que outro alguém (autor) já escreveu sobre a biblioteca do imperador e irei atrás desse para, quem sabe, descobrir algo mais sobre a personagem título desse volume. Afinal, no período Isabelino, a Quinta da Boa Vista foi aberta ao público, convertida em biblioteca e museu e, a direção era de Inácio Augusto, o personagem principal desta obra.

Terminei a leitura cheia de curiosidade sobre a biblioteca e sobre o bibliotecário pois, este volume mostrou-me pouquíssimo dos dois itens.

Até uma próxima aventura “bibliotecária” e que seja bem mais divertida de se acompanhar!!!

142. O menino grapiúna

Jorge Amado, 120p. O menino grapiúna

Muito interessante!

O autor descreve sua infância e o encontro com o ciclo do cacau na Bahia, que seu pai fazia parte e todas as personagens com quem conviveu e que tornaram-se presença em seus escritos posteriores.

Muito gostoso acompanhar as observações de um garoto pelos jogos, pelas casas de meretrício e como as meretrizes cuidavam dele, as visões do pai como conquistador ou como pobre recuperando a vida, a presença da mãe, do tio, entre outros. Um ir e vir de “gentes” que nós também, ao ler suas obras, conhecemos. Afinal, as personagens das suas ficções, como ele mesmo diz no livro, resultaram da soma de figuras que lhe foram impostas por exemplo, os coronéis do cacau com um pouco do seu tio.

Aborda seus dias em Ilhéus e quem não lembra de Gabriela?!?!, em Itabuna, fala do cangaço, do internato a que foi submetido que lhe causava sensação e onde os livros abriram-lhe as portas da cadeia. Lá ele aprendeu a pensar e agir pela própria cabeça, oposto do que lhe era pregado no local e, ao pensar e agir pela própria cabeça pagou alto preço tornando-se alvo de patrulhamento de todas as ideologias.

Ele ainda sonha com uma revolução sem ideologia, onde o direito a comer, trabalhar, amar, viver não esteja condicionado por uma ideologia. Sonho?!? Mas, este é o único direito que possuímos: sonhar. Único que ninguém, nem mesmo um ditador, pode reduzir ou exterminar.

Um padre o seduziu para a literatura, para as palavras vivas e atenuantes e, talvez a ele, devamos a genialidade deste baiano que nos deixou um grande legado literário e histórico. Foi o padre que pediu uma tarefa e identificou uma vocação autêntica de escritor em um aluno daquela sala que descreveu o mar de Ilhéus. Esse padre gerou o amor aos livros que Jorge Amado possuía, revelou a ele o mundo da criação literária e fez da prisão que era o internato, algo mais suave.

Um livro delicioso de se ler e sonhar com as personagens que lembramos das suas obras!

141. Voando baixo

Pedro Cavalcanti, 92p. Voando baixo

Um avô com problemas de memória que vive no mundo passado levando o seu neto de 12 anos a conhecer histórias/fatos das décadas de 1920, 20, 40…. e valores que não existem mais, em uma viagem diferente diária,enquanto o neto com a tecnologia moderna ao seu lado, transforma as recordações do avô em algo feliz!

A amargura pode se desfazer com gestos de bondade e compreensão e, a mensagem do livro é bem bonita e interessante pois, há o encontro do antigo com o novo e há respeito em tudo isso!

Viajei junto com eles em bondes, dirigíveis, em uma São Paulo que nunca vi e foi o máximo pois, além de toda a história, o livro tem fotos de época bem bacanas. Curti!

Leitura rápida, fácil que traz alegria e nostalgia, passado e presente se intercalando na vida das personagens… amor e respeito presentes! Fofo!

140. Sagrada família

Zuenir Ventura, 228p.

Sagrada famíliaAlfaguara. Diagramação sensacional. Muito bom de ser ler devido ao espaçamento e tamanho da letra.

A história parece uma autobiografia com final interessante, revisa toda uma vida que se passa em uma pequena cidade do interior, com toda a malícia e a hipocrisia que se vê nestas cidades onde todos sabem o que acontece na vida de todos, e se não é a pura verdade, não custa nada apimentar um pouco, né?

Na verdade ele conta a história de parte de sua família. Uma tia viúva que faz tipo de puritana mas, que é fogosa e suas duas filhas. O narrador começa, ainda criança, narrando as peripécias que o fazem começar a perder a inocência e daí segue pelas fases da vida até ele não estar mais na cidade e só retornar para apresentar parte da sua história para a esposa, ocasião em que recorda-se de muitos eventos e descobre outros fatos surpreendentes.

Foi muito bom rever a vida do interior com sua praça nos finais de semana, os flertes bobos, o meretrício tão conhecido e tão “finge-se que não está ali”, os bailes que nem do meu tempo eram e as peripécias de uma época que eu também só ouvi falar, mas também pude transferir parte do que li para o que vivi nos meus poucos anos vivendo no interior.

O livro tem bastante nostalgia e um ótimo humor. Sem contar as reviravoltas!

Vale a pena!

139. O gato preto e outras histórias

Edgar Allan Poe, 112p. O gato preto

Livro com 4 contos:

  1. O gato preto
  2. Ligeia
  3. A queda da casa de Usher
  4. Pequena conversa com a múmia

Poe foi integrante do movimento romântico americano e fez histórias que envolvem mistério e humor macabro. Foi um dos primeiros escritores norte-americanos de contos, e é considerado o precursor e inventor do gênero de ficção policial.

Confesso que, apesar de toda a sua fama, sempre tive medo de ler pois, tinha a impressão de tratar-se de obras de horror e medo e…. eu lá não sou fã do estilo. Entretanto, achei que já havia passado da hora de eu conhecer mais sobre o autor.

Ao ler os contos deste volume, tive a impressão que já os conhecia. De repente, em algum momento eu li algum e, nem me lembro!!

O primeiro é o mais famoso. Há atrocidade, maldade mas, não de forma a manter as imagens dos fatos em minha cabeça, o que foi bom. O conto é realmente interessante e a forma de escrita muito interessante.

No segundo, como no primeiro, a morte está presente e evidencia-se a introspecção e melancolia do autor que busca temas de reclusão, doença, loucura em seus escritos, uma das suas fortes características.

No terceiro a doença está presente mais uma vez.

O quarto deixo para que vocês leiam e comentem!

Os textos são bem mórbidos, e quando eu adiciono a história de vida do autor, fico imaginando o quão triste era ela e/ou a vida dele pois, sua escrita, apesar de bela, é mórbida, sempre associada a doenças e nem sei como ainda não entrou no gosto da juventude de hoje, que ama um sicklit.

Suas personagens estão sempre com palidez cadavérica, sofrendo de enfermidades desconhecidas em um vai e vem entre a vida e a morte.

Mas, apesar de tudo isso….. Gostei!

138. Amei, perdi, fiz espaguete

Amei, perdiGiulia Melucci, 313p.

Um livro de memórias reais. Fala dos casos e namorados da autora novaiorquina que adora cozinhar. Ela vai descrevendo sua vida amorosa entremeando as receitas usadas (culinárias) para os encontros e as desilusões.

“Os anos entre um e outro relacionamento estável incluíram muitos falsos começos – começos excitantes, meios incertos e fins aniquiladores, tudo ocorrendo no espaço de uma semana ou duas.”  (Quem nunca viveu isso?!?!)

A linguagem flui. A leitura é gostosa e divertida. Em muitos seja encontro seja desencontro, vi parte da minha vida e como recordar é divertido, principalmente se as pendências interiores foram resolvidas, ri e me diverti recordando meus perrengues… sempre com bem menos culinária do que ela!

Sobre esse tema até falamos sobre isso (eu ainda nem tinha esse livro) essa semana. teve um encontro com as amigas e elas não acreditam que eu sou capaz de mais do que aquecer água na chaleira elétrica, o que, na verdade, é uma tremenda calúnia (rsrsrs). Não sou nenhum “chef”, detesto passar horas cozinhando, lavando e limpando, mas faço mais do que muitos imaginam e até elogio ganho. Tentei entender junto ao companheiro o porquê de nem minhas amigas me darem qualquer crédito… aliás, foi ele quem me defendeu perante elas, e ele diz que realmente eu não transpareço qualquer capacidade culinária, assim como também não faço qualquer menção a ela. De qualquer forma, finjo que não sei cozinhar e sigo feliz!

Retornando ao nosso tema, o livro, traz muitas receitas interessantes. Foi divertido, foi simples, foi gostoso!

 

137. Mulheres sem nome

Martha Hall Kelly, 496p.

“… romance sobre a luta anônima por amor, liberdade e redenção.”Mulheres sem nome

Trata-se de uma história real que associa uma socialite muito boa e engajada socialmente, norte-americana e as que, a II Guerra e o nazismo deixaram conhecidas como “coelhas” pois, eram prisioneiras de guerra que andavam pulando pelo campo de concentração pois, serviam de cobaias para os médicos do campo. Elas pulavam pois, sofriam cirurgias de teste nas pernas, deformando-as. Uma história atroz dos campos, como sempre mas, com ênfase no trabalho da socialite norte-americana durante e principalmente no pós-guerra para auxiliar estas vítimas, e ela consegue!

O livro é longo, mas é muito bem escrito. A linguagem é branda apesar do tema. Foram anos de pesquisa, visitas e conversas pelo mundo. Muito bom!

Vale a pena! Leiam!

136. A noite dos calígrafos

Yasmine Ghata, 111p.

A noite dos calígrafosInteressou-me por tratar-se de algo relacionado a livros e escrita e, lá fui…. encarei! E não me arrependi!

Uma linguagem bonita conta a história de UMA (sim, mulher) calígrafa, em um tempo em que a profissão já não era reconhecida até ela tornar-se professora da Universidade.

Através da escrita essa mulher se liberta, se encontra, vive e irradia seu ser!

Eu, por outro lado, aprendi termos desconhecidos associados a profissão e acompanhei a evolução do século para uma família à beira do Bósforo na minha amada Istambul.

Um livro curto, um romance bem escrito, com passagens bonitas sobre história, amor e família.

Vale a pena encarar esta leitura!

135. Bacana bacana

Felipe Machado, 192p.Bacana

Trata-se das aventuras de um jornalista pela África do Sul, local que ele foi para acompanhar a Copa do Mundo e, serve muito bem como um guia de viagem para Johannesburg, Cidade do Cabo, Durban.

A escrita é despojada. tem fotografias, fatos, endereços e sites. Fácil e divertido de se ler. Parece e é um diário de viagem pois, além de momentos “Copa”, por exemplo reclamação sobre as vuvuzelas (lembram-se?!?!), ele aborda os restaurantes, praças, parques a visitar, safári, museus, bairros, etc.

Há anos, mais de vinte, ensaio uma viagem até lá mas, nunca aconteceu por diferentes motivos. Quem sabe este livro não me inspira a ampliar meus horizontes no continente africano?

Foi gostoso de ler!