137. Da origem e propagação do café

Antoine Galland, 112p.

Da origem e propagação do caféCuriosa sobre café? Sim… eu sou. Não tenho o hábito de uma vida, pois comecei a apreciar a bebida tarde, após os 40 anos de idade. E fiquei chata sobre o assunto, além de até acabar participando de um curso de barista. Fiquei curiosa mesmo, afinal trata-se de um produto tão importante para a nossa história que tornou-se um mundo fascinante para mim e, vira e mexe cai alguma coisa na minha mãe, não só xícaras com a bebida feita com grãos bem interessantes, como informações e livros que incluo em meus dias; e aqui está um desses exemplos!

Este é um relato antigo, publicado em 1699, pequeno e que pediu bastante atenção talvez pela linguagem usada por ser um escrito antigo.

Trata-se de um livro bem pequeno, baseado em um manuscrito árabe da biblioteca do rei, com uma bela encadernação no formato epistolar, uma carta que vai narrando a origem do café na Pérsia e como ele difunde-se até a Europa, passando por diversos “causos”, alguns extremamente interessantes, inclusive como a bebida foi proibida aos muçulmanos que a consumiam de forma clandestina, ninguém resistia a um cafezin…..

Aparecem também os dervixes atingindo o Egito, então a Síria, Constantinopla onde começam a surgir as cafeterias e lá vieram pregadores contra a bebida, de novo e até uma “ferfa” foi pronunciada que é uma decisão com o desígnio dos pregadores segundo a lei de Maomé, mas mais uma vez houve resistência a lei e a bebida restabeleceu-se.

A bebida começou a ser necessária nas viagens com um profissional só cuidando dela e com isso, foi sendo disseminada por todo o Império otomano e mais tarde chegaram na França, especificamente em Paris e então, seguiu pelo mundo e está por aqui em meus dias!

Foi bem interessante acompanhar a história da saga desta bebida que me encanta não somente por seu sabor, mas no meu caso, mais ainda por todo o culto em torno dela e toda a história de desgraças e muitas graças ao seu redor. Foi muito legal! Para quem gosta do tema, acho interessante incluí-la no repertório.

136. O ano em que disse sim

Shonda Rhimes, 254p. O ano em que disse sim

Senti alívio o ler “Não sei se quero que me conheçam. Porque….. nem eu me conheço de verdade ainda” e isso partiu de uma mulher que já tem grande sucesso profissional, mãe de três filhas, vida que parece estável; então, sinto-me aliviada por encontrar tantas dúvidas, ou melhor, por sentir medo em minha trilha e por não saber como agir, ou melhor, talvez por não ter coragem de agir em muitas ocasiões.

O livro na verdade, acaba contando a vida da autora e seus pensamentos, por exemplo, sobre ser mulher, ser mãe, entre outros temas.

Li bem até além da metade e aí estagnei. Acho que estou um pouco cansada por tanta “briga” de gêneros, empoderamento, “raças”, culturas e afins e por isso estagnei, perdi o interesse, mas aos poucos fui seguindo…. um pouquinho ali, mais umas páginas aqui e assim cheguei ao fim.

Tem pontos interessante? Sim, apesar de sempre acreditar que leitura vale a pena, que é bom para mim e péssimo para outro e vice-versa, mas é uma leitura essencial? Não!

“Amor é uma escolha que podemos fazer todo dia.”

Ela é uma mulher muito bem sucedida pelo próprio esforço, o que é sensacional e só posso admirar não só a autora como tantas e tantas outras…. cada uma dentro da sua realidade.

O livro? Fique à vontade para escolher sua leitura ou não!

“Casamento não tem nada a ver com amor. Vamos apenas deixar que o amor seja amor e vamos abandonar todas as expectativas. Vamos parar de pensar em casamento como a linha de chegada, vamos redefinir o que uma vida a dois significa para nós. Sejamos livres, não vamos nos restringir com regras.”

135. Sobre os ossos dos mortos

Olga Tokarczuk, 253p.

“De alguma forma as pessoas como ela, que dominam a escrita, costumam ser perigosas.”

Sobre os ossos dos mortosParecia que a personagem principal e narradora da trama estava sentada ao meu lado contando-me toda a história e não que eu estava com um livro nas mãos. Muito legal isso!

A trama ocorre em uma região da Polônia que faz divisa com a República Tcheca. Lá há uma senhora que é professora de inglês e também uma faz-tudo para os vizinhos no inverno, quando vigia as casas vazias e ela é um pouco estranha para o local. Também faz mapas astrais. E é baseado neles que suas crenças aparecem, inclusive as suspeitas sobre as mortes que estão ocorrendo no local, que é corrupto e mesquinho como muitos do mundo.

Ela desenvolve uma teoria estranha sobre as mortes – vingança dos animais, pois essa região, apesar de ser ilegal, é usada para caçadas.

“… ainda havia lugares no universo tomados pela decadência… ali o ser-humano não age de acordo com as regras da razão, estúpidas e rígidas, mas segundo o coração e a intuição.”

Apesar do desfecho esperado, a escrita não deixa nada a desejar e entendemos porque foi Nobel!

Foi uma leitura muito interessante que eu gostei muuuuito!!!

“Os jornais procuram nos manter num estado de desassossego permanente para manipular nossas emoções, desviar nossas atenções do que realmente importa. Por que deveria me submeter ao seu poder e pensar de maneira que eles obrigam a pensar?”

134. Uma história de amor

Erich Segal, 190p. Uma história de amor

Famoso livro que transformou-se em filme – “Love story” – sucesso de Hollywood. Somente na primeira tiragem de bolso, foram lançados 5 milhões de exemplares. Se hoje é muito, imaginava para a época, pois foi publicado pela primeira vez em 1970.

Na história dois jovens estudantes apaixonam-se. Ele milionário, ela nem tanto. Casam-se após briga com a família dele (bem clichê) e vivem uma história de amor sincero, cativante, demonstrando que há amor em qualquer idade.

Passam por perrengues, passam-se anos e eles são felizes, daquele tipo de felicidade que todos desejamos e segue a obra que é curta, de escrita simples e que me cativou!

Foi uma leitura bacana que merece ser lida para todos saberem seu final onde até o pai odiado do rapaz milionário aparece.

Boa leitura!!!!

133. O casal que mora ao lado

Shari Lapena, 293p.

O casal que mora ao ladoUm bebê é sequestrado enquanto seus pais jantam com o casal de amigos que mora na casa ao lado. E agora? Haverá pedido de resgate? Afinal, os pais da mãe da criança são milionários. Sim!!! Há!!! Mas também há muito mais envolvido.

No primeiro “baque”, realmente foi uma informação surpresa que me surpreendeu; o segundo, na verdade “matei” pouco antes, quando surgiu um questionamento. O triste foi que com isso eu estava preparada para o final.

A vida da mãe do bebê torna-se, claro, um verdadeiro pesadelo e no decorrer da leitura, apesar de tratar-se de uma ficção, vamos percebendo como o ser-humano é vil e mesquinho. Como as artimanhas surgem e eu sempre me pergunto do porquê o ser-humano usar sua criatividade, na maior parte das vezes, para o mal. Tanto seria poupado se fosse para o bem!

A diagramação do livro é boa. Os capítulos são curtos e a leitura flui. A trama prende. Eu queria saber o final, que na verdade, como citei acima, não me surpreendeu. Ocorreu o que eu esperava após as dicas ao longo do livro, mas valeu. Foi legal!

132. Este é o mar

Este é o marMariana Enriquez, 174p.

Uma história mais para juvenil do que adulto envolvendo astros do rock e a formação dessas lendas como Lennon, Presley, Kurt Cobain, etc. através de uma outra espécie que depende dessas lendas para sobreviver e que são as responsáveis pela formação do mito, pois infiltram-se entre nós e atuam formando os fãs e toda a devoção ao redor deles.

Na trama, Helena é uma das personagens que precisa manter essa engrenagem criando uma lenda – James – vocalista de uma banda, a Fallen. Para saber como elas fazem isso e se Helena conseguirá, só encarando a saga dessa autora argentina conhecida por outra obra que ainda não consegui incluir no acervo – As coisas que perdemos no fogo – mas que um dia conseguirei.

A leitura é tranquila, fluindo com facilidade. Fui acompanhando o que vejo nos adolescentes de hoje, valorização ao “aparecer”, busca de autoconhecimento através de seres que eles nem conhecem, não sei, as frivolidades de uma sociedade que às vezes penso doente, às vezes penso sozinha e sinto pena por isso!!

Conhecer um pouco mais da literatura feminina é um dos meus objetivos e cá estou.

Gostei!

131. O caminhão

Marguerite Duras, 108p. O caminhão

A autora conta um filme que ela lê, literalmente, com Gerard Depardieu. Confuso?!?! Só vendo quem é a autora, já sabemos que sim.

Neste volume, ela propõe uma nova abertura para o cinema: a leitura. O texto é quem carrega as imagens. Continua confuso? Muito.

Os atores, dois personagens, conversam dentro da cabine de um caminhão.

Após o texto segue uma entrevista com a autora.

Realmente é, no mínimo, diferente, mas pensando em filme, ele atuaria como um livro onde as características dos personagens partiriam somente da imaginação de quem ouve e não trariam nenhum ator/atriz ao se pronunciar/relembrar o filme. Por exemplo, há algum ator que vem a sua mente quando mencionamos “Indiana Jones”?!? Pois é… neste caso isso não acontece. A mulher da cena do caminhão está apenas na nossa mente e só eu a evoco. Isso é interessante, mas estou acostumada pois sou bibliófila e não cinéfila, portanto dependo da minha imaginação.

Trata-se de algo diferente, em uma abordagem diferente, talvez uma proposta nova de apresentação da arte e a tentativa/pesquisa de novos formatos são sempre válidos. Experiências e experimentos que descobrem novas “luzes” para o nosso cotidiano; entretanto, eu sou “velha guarda” e gosto de manter o formato que mais me diverte: os livros…. físicos, por favor!

Foi diferente, foi interessante, foi difícil! Não é um formato para todos!

130. Longa pétala de mar

Isabel Allende, 278p. Longa pétala de mar

Mais um da Allende na minha lista de leituras, e desta vez até Neruda aparece na trama que envolve fugitivos da Guerra Civil Espanhola para o Chile através de um navio (Winnipeg) que foi em parte financiado pelo poeta. A autora baseou-se nas histórias reais dos imigrantes e de Neruda para escrever esta obra.

Aliás, todo o livro acaba homenageando Neruda, pois em cada início de capítulo tem como epígrafe versos de seus poemas.

Na estadia do Chile surge o político Allende e toda a história até o golpe. A trama gira em torno de dois jovens que se integram na vida social do novo País nas próximas décadas.

Fui ao encontro da parte histórica do século XX. Foi legal ler e relembrar as imagens do golpe no Chile, por exemplo, quando o Palácio Nacional é bombardeado pela Forças Armadas. Vi essas cenas em visita a um museu sensacional em Santiago, o Museu da Memória e dos Direitos Humanos e foram cenas que me marcaram e foram citadas nesta obra. Muito interessante!

A maestria da escrita da autora segue. Acho incrível como ela entrelaça os fatos e história/personalidade de cada personagem em um mesmo parágrafo. Flui. Escrever, definitivamente, é um dom!

129. A lebre com olhos de âmbar

Edmund de Waal, 319p.

A lebre com olhos de ambarEm busca da história da coleção de “netsuquês” que está em sua família há um bom tempo e que ele herda, o autor, um dos mais importantes ceramistas do mundo, circula entre diversas fases da história. E eu, apaixonada que sou por história e pelo tema Oriente, em particular, Japão, fui me envolvendo com a escrita, com as fases, com os fatos e com os “causos” que ele descreve com maestria; a sensação que tive foi que ele estava se divertindo enquanto seguia as pistas para desvendar alguns daqueles objetos e, por consequência, da própria família.

Para ajudar ainda trata-se do gênero que mais gosto: história real!!!

Acredito que aqui vale mencionar do que trata “netsuquês”. São pequenas figuras esculpidas em pedra e marfim que inicialmente serviam como contrapeso para carteiras, chaves e outras ninharias, para usá-los jogados sobre um cinto de quimono. Mais tarde foram usados como amuletos e talismãs. E no século XIX, a arte elevou tanto o seu nível que tornaram-se objetos de colecionadores. Seu tamanho varia de 2 a 10 cm e todas suas linhas devem ser lisas. Estudando as imagens pode-se aprender muito sobre a cultura japonesa. Por lá, até hoje, há uma tradição de dar estas figuras para trazer felicidade e sorte.

Quanto ao livro, a leitura não rende, mas é sensacional! A história prende. Após entender as cenas do livro eu estava bem curiosa em saber como toda a coleção de quase 300 “netsuquês” chegou intacta às mãos do autor. Afinal, como ela sobreviveu a II Guerra Mundial, em uma Europa tão confusa, local onde as peças estavam na época e o melhor foi que minha curiosidade foi saciada e eu segui deslumbrada, acompanhando a saga dos objetos.

Adorei!

128. Por favor, cuide da mamãe

Kyung-Soon Shin, 236p.

Por favor Maravilhoso!

Uma mãe some ao ir para Seul visitar seus filhos na companhia do marido. Eles se perdem em uma estação de metrô e ela perde-se na cidade. Aí, durante a busca, os filhos e o marido começam a repensar suas vidas associadas aquela mulher que tanto sacrifício fez a cada um deles, além disso, vão descortinando situações e emoções que desconheciam.

A mãe morava em uma aldeia no interior e são 5 filhos. Todos os pensamentos durante as lembranças de cada personagem nos fazem conhecer um pouco mais dos desejos, dores e segredos dessa mãe desaparecida.

Realmente um livro que me tocou. Belo. Uma escrita deliciosa que fluía com tanta facilidade que nem notei a passagem dos capítulos.

Uma história de amor!

Maravilhoso!