51. Todo dia

David Levithan, 280p. Todo dia

“Sempre haverá mais perguntas. Toda resposta leva a mais perguntas. O único meio de sobreviver é abrindo mão de algumas.”

Uma ficção fácil de ler e para mim difícil de imaginar. Todo dia ele acorda em um corpo diferente e tem que viver a vida do “dono” daquele corpo, mas um dia ele se apaixona pela namorada do dono daquele corpo e… senta que lá vem história!!! Trata-se de um adolescente, então muitas confusões com as dúvidas desta fase de todas as formas: festas, bebidas, drogas, pais, solidão, suicídio, morte de parentes, escola, beleza, sexo, amigos…

“Queria que o amor conquistasse tudo. Mas o amor não conquista tudo. Ele não pode fazer nada sozinho. Ele depende de nós para conquistar em seu nome.”

Comecei a ler despretensiosamente. Achei em um sebo, exemplar novinho, por meros R$ 3,00, então coloquei na cesta e… perdido por aqui, encarei mais uma vez sem ter ideia do que se tratava e nem procurei saber. Fui lendo e me envolvendo com as aventuras de um cotidiano tão singular. Quando vi já estava terminando. Me envolvi. Gostei e estava curiosa para saber como o autor imaginava a solução para o conflito – ou não – ou seja, precisava chegar no fim e descobrir se sairia feliz, triste, indignada ou surpreendida. E…. ah não…. sem spoiler…. terão que ler!

“Toda pessoa é uma possibilidade.”

Divirtam-se!

50. Parece que foi ontem

Maria Teresinha Moura, 168p. Parece que foi ontem

A mãe de Manu, menina que nasceu portadora de síndrome de Down, descreve como foi lidar com as angústias, medos e preconceitos em relação à síndrome. Ela descreve toda a vida da esperta garota que nasceu em uma época em que o preconceito era bem mais acirrado do que hoje.

Ao ler podemos viver e sentir o que foi o cotidiano da família, do quanto eles abdicaram em nome do amor. É muito bonito, bonito e divertido também porque a Manuela é arteira, vixi como fazia arte quando criança! O legal é perceber entre os parágrafos o quanto ela se desenvolveu e toda a família é responsável por isso. A mãe (autora) mudou seu curso de graduação para conhecer melhor a síndrome e poder ajudar melhor a filha; o pai que deixou um dos seus empregos para poder dar maior suporte a filha e a esposa; as irmãs que logo perceberam o quanto Manu se dedicava aos seus tantos afazeres.

A escrita é simples, os assuntos vão e voltam, mas a autora não é uma referência literária. Trata-se de uma mãe contando sobre o susto que teve quando recebeu o diagnóstico da primeira filha (após o nascimento) sobre a síndrome de Down, de como essa menina conquistou o carinho, amor e respeito de todos que a rodeiam e de como essa família é grata pela oportunidade de terem Manu alegrando seus dias!

Parabéns Maria Teresinha e família!!!

49. Os segredos que guardamos

Lara Prescott, 368p. O segredo que guardamos

Que delícia ler lugares que posso revivê-los!!! Moscou!!! Pensa em uma leitora feliz. Sim… Eu… Por que? Porque este livro foi inspirado em uma missão real da CIA durante a guerra fria mostrando, em forma de romance, como o livro Dr. Jivago e a literatura puderam ser usados como poder de mudança.

Na trama, livros podiam ser armas. Guerra propagandística enfatizando o quanto o sistema soviético não permitia a liberdade de pensamento. Os EUA colocando nas mãos dos soviéticos materiais culturais, ou seja, a publicação clandestina de Dr. Jivago  em russo. Livro proibido no bloco leste em razão de suas críticas à Revolução e sua natureza subversiva.

A autora chama-se Lara por causa da protagonista de Dr. Jivago, o livro. Ela começou a escrever este livro em 2014, quando a CIA liberou alguns documentos relacionados a missão apontada no livro.

A trama vem dividida em dois núcleos, um no Ocidente (CIA) e outro no Leste/Oriente (onde encontramos o próprio autor do livro). Um editor italiano consegue a obra e a publica fora da URSS. A agência o traduz para o russo e por meio de espiões o insere clandestinamente de volta a URSS para conhecimento do público de lá.

O legal foi ver o quanto a literatura pode ser importante como elemento de mudança, provando o seu valor de transformação e informação. Muito bom!!! Sinceramente, sabia que o romance Dr. Jivago havia sido proibido de ser publicado na antiga URSS e que o autor declinou do prêmio Nobel de Literatura por pressão do Estado, mas não conhecia essa história da Guerra Fria e foi muito legal descobri-la. Tudo bem que trata-se de uma ficção, mas fatos reais estão misturados na trama o que nos motiva a pesquisa e a mim motivou também a leitura do “Dr. Jivago” que estava aqui entre as prateleiras!!!

Divirtam-se!

48. Retrato de um casamento

Pearl S. Buck, 290p.Retrato de um casamento

Ele rico, ela filha de fazendeiros. Ele: artista/pintor. Ela: leoa/dona de casa. Ela não conseguiria alcançar o nível sociocultural dele, que veio ao dela. Duas pessoas incompatíveis que se casam e nós vamos acompanhando o cotidiano deste matrimônio. 

Ao longo da leitura, eu fui desenvolvendo sentimentos dúbios, ora por um, ora por outro. Como ele podia ser um pai tão ausente? Mas, ele precisava de solidão às vezes! Aí me via pensando que ele era um grande babaca, mas que por ter traços que eu tenho, talvez eu também seja …. (ops……) e ela??? Como uma mulher poderia ser tão submissa e aceitar o estilo “bobo” do marido? Mas, como ela é forte, tocando a vida, a fazenda, os filhos, a casa, o cotidiano…. puro empoderamento!!!

“Talvez fosse aquele desequilíbrio que existia entre ambos que tivesse mantido a chama do interesse mútuo entre eles e os fizesse enamorados para o resto da vida.”

Ao longo da trama a situação vai tomando forma e vamos observando o cotidiano de uma vida!!! Sim, vamos até o final da vida e com o bônus de ser a escrita da maravilhosa Pearl S. Buck.

“O fim da vida acaba sempre encontrando com o começo.”

Gostei!!!

47. O poder de delegar

O poder de delegarDonna M. Genett, 86p.

Tudo bem que estava de férias, mas queria ler algo que pudesse ser usado no trabalho e escolhi este livrinho com texto simples e leitura rápida, inclusive a própria autora cita que o objetivo com ele era proporcionar uma leitura rápida e informativa com informações sobre algo possível de realizar com texto simples e prático.

Posso dizer que ela atingiu o objetivo!

Na verdade continuo achando esses livros a maior chatice. Hoje tem tanto drama nas empresas, reuniões, chefes (mais chefes do que índios), burocracias, que os projetos simplesmente não andam, os funcionários fazem tudo “pro-form” tipo, é para fazer isso? OK, mas já sei o que vai acontecer lá na frente (nada…. muitas reuniões e nenhuma conclusão), e tanto curso, tanta criação de cargo e setores, para, de novo, nada: apenas burocracia e excesso de pessoal. Auditorias? Ai, menos…. burocracia e perda de dinheiro, só isso! Falta simplificação de processos, desburocratização, real preocupação com a indústria em que se atua e menos com os selos que podem ser obtidos. Indivíduos se julgarem menos importantes e sim encararem que a empresa vai seguir com ou sem eles, entendem? Cobranças bobas e métodos/linguagem infantis parecendo que estou com crianças no jardim de infância! Afffff! E aí vem este monte de livros dando mil sugestões sobre metodologia, desempenho, etc…. mundo chato, bobo, hipócrita e ineficiente!

Ah…. o livro? O que dizer? Nada…. mais um dizendo o óbvio!

46. Queria ver você feliz

Queria ver você felizAdriana Falcão, 160p.

O “Amor” nos conta a história de Caio e Maria Augusta, que se conheceram no final dos anos 1940. Sim, literalmente o “Amor”.

Na verdade as personagens principais são os pais da autora. Vamos acompanhando desde a luta para ficarem juntos, afinal as famílias não queriam, até a melancolia do pai com tentativa de suicídio e a obsessão e tratamentos psiquiátricos da mãe.

Na boa, a vida da maioria das pessoas é cheia de dilemas, medos, torturas, obsessões, dificuldades, só que a minoria demonstra e/ou fala sobre seus medos e fracassos, pois obviamente serão mal julgados.

Neste livro não, a autora revive a paixão dos seus pais usando cartas que eles trocaram ao longo da vida e desnuda essa relação.

Gostei, mas achei um livro tão, tão triste! Preparem-se!

45. Comendo o mundo

Vitor Faustino Sampaio, 130p.  Comendo o mundo

Lá vamos nós. Para mais uma viagem ao lado de algum viajante que busca algo diferente para contar. Este fala de gastronomia. Mas, nada de estrelas Michelin na proa. A gastronomia raiz…. rsrsrs

Eu curto provar as comidas típicas ou locais, sei lá, e muitas vezes encaro refeições em locais dos locais, sem frescura, mas tem gente que extrapola e este cara é um desses (rsrsrs). Claro que comi lhama na Bolívia; canguru na Austrália; hot-dog e pizza em New York; bisão em Dakota; pelmeni na Polônia; curanto, ceviche, papa causa, chicha e outros no Peru; salmão no Alasca; não sei nem o quê na Indonésia, China e na Coréia; mole poblano e muitas outras delícias no México; macarrão na Itália; crepe na França; chopps (nem gosto) e diferentes salsichas na Alemanha; paella na Espanha; tudo da Bahia; 1001 tipos de doces, sardinha e bacalhau em Portugal, além dos vinhos do Porto, claro; empanadas na Argentina e lógico os alfajores; dulce de leche no Uruguai e o meio a meio (bebida que só tem lá); durião na Malásia (eita cheiro…. rs); carne de avestruz e café de jacu no Brasil; um expressinho na Colômbia; suco de leite na Mongólia; pães típicos do Quirquistão; barraquinha de rua na Tailândia; falafel (oh coisa boa!!!!) e muito chá de menta em Israel; surstromming e outros na Islândia; além de pratos típicos na Rússia (bons!), Equador (muuuuito bons!), Jamaica, Índia, Nepal (esses três últimos haja pimenta!!!!) e muito mais….. mas, esse autor….

Lá vem ele com barraquinha de rua cujo balde de água faz a comida e lava a louça (oi?!?! – rsrsrs); ninho de pássaro (iguaria em Bangkok); carrinhos de insetos (já vi no Camboja) e ele provou tudo o que havia lá – grilo, escorpião, barata d´água, bicho da seda, formiga, etc…. e veio ainda rolinho primavera de formiga; sangue de cobra (aquelas cenas que já vimos em documentários);  urso; foca; rena; alce…. vixi uma aventura gastronômica atrás da outra. Mas, também tem algumas coisinhas mais normais (ou que eu encararia numa boa) como antílope, noodles, Laksa em Singapura (terei que voltar – não sabe o que é? Leia!!!!), sopa de salmão em Helsinque (terei que voltar também – rsrsrs – olha a desculpa para viajar!!!!) e outros.

Ri lendo…. muito. Afinal o que mais poderia ter feito ao ler:

“Peça uma sopa de ninhos e lembre-se: é docinho e calmante como vômito de abelha.” (Ecccaaaaaa!!!!)

Valeu! Foi uma leitura divertida!

44. Paratii: entre dois polos

Amyr Klink, 228p. Paratii

“Porque um dia é preciso parar de sonhar, tirar os planos das gavetas e, de algum modo, começar.”

Foram 27.000 milhas em 22 meses.

Aqui está ele de novo me dando uma lição de determinação. Escolheu o barco, o roteiro e fez tudo para atingir o objetivo. Foco. Anos de preparo para essa viagem atracando em ambos polos deste nosso planeta e… sozinho. Uma lição de tanta coisa!!!

“Um rumo e um destino fazem a diferença em qualquer situação.”

Eu já havia lido Paratii, mas há tanto tempo que não lembrava de muita coisa.

Ah gente, imagino, sei e ouvi dele que uma “paradinha” na Antártica tem mais perrengue do que o silêncio que imaginamos, mas quando ele descreve os vizinhos (focas, pinguins…), as visitas e “bate-papos” com os pinguins, o grito da natureza, eu fico louca. CARACA!!! Quanta experiência bacana!!!

Na escrita ele tem um ótimo senso de humor perante suas “desgraças” (banho de tina na proa, quatro dias fabricando água para lavar roupa, tubulação congelada, martelo de borracheiro, pancadaria, “calor de zero grau”, olhar surpreso de pinguins, o analista da Laura….) e eu rindo e rindo com a descrição das situações pelo humor contido nas palavras e como ele é metódico e sério (e eu vi/ouvi pessoalmente), dou mais risada ainda imaginando ele dentro de cada cena!

O livro foi uma delícia de se ler. As cenas e cenários são belíssimos! As aventuras daquelas que bem poucos podem e poderão viver por diversos motivos e eu fui virando as páginas e curtindo cada trecho, cada parágrafo. Sempre muito bom!!!

43. Os prazeres da solidão

Stephanie Rosenbloom, 306p.

A autora decide colocar em prática um projeto onde em suas férias ela percorrerá (flanando) quatro cidades por uma semana em cada nas quatro estações do ano e…. sozinha. Escolhe: Os prazeres da solidão

. primavera em Paris

. verão em Istambul

. outono em Florença

. New York no inverno

E lá fui eu…. flanar com ela e amando tudo; todas as cidades que tive a chance de conhecer, em todas também estive sozinha em alguma oportunidade, todas em que flanei também. Ai, que delícia de livro!!!

Ao mesmo tempo que ela vai flanando, ela vai discorrendo sobre pesquisas ou livros que leu e trouxeram algum vislumbre sobre a arte de estar só… e eu vou seguindo. Em uma diz que quinze minutos que passamos sozinhos, sem aparelhos eletrônicos ou interação social, podem diminuir a intensidade dos nossos sentimentos (sejam eles bons ou ruins), deixando-nos mais tranquilos, menos zangados e menos preocupados, portanto podemos usar este período como uma ferramenta para auxiliar em estabilizar nossos estados emocionais.

Me senti até bem quando li: “Maslow, por exemplo, disse que as pessoas maduras, autorrealizadas, são particularmente atraídas para a privacidade, o afastamento e o estado meditativo.” Ainda estou longe de estado meditativo, mas as duas primeiras são bem verdade…. adoro a minha privacidade, real e conscientemente me afasto das pessoas pelo simples prazer de ficar só!

Como ela eu me preparo para as minhas viagens e nesta fase eu leio o máximo que consigo e como vocês talvez já tenham notado, tento incluir, inclusive autores daquele País por onde passarei, ou até daquela localidade (seja autor, seja a trama) e está fase de devanear pelas coisas que posso ver, querer, experimentar é algo maravilhoso! Elizabeth Dunn que a autora cita neste livro disse: “A antecipação é uma forma livre de felicidade”, e é isso mesmo! É uma curtição! Um estar lá….. delicioso! E quando vou sozinha aos lugares, o bom é que não preciso falar, então sinto melhor a cidade, os sons, os cheiros, as aves passando, os barcos, as pessoas, o andar pelas ruas, vielas, mercados….. é tão bom! É quando me sinto mais livre!!!

Entretanto, ela comenta que nem sempre podemos escapar para Paris ou Istambul, muitas vezes não posso nem ir até a cidade vizinha, então ela diz que saborear o momento, examinar coisas de perto, relembrar, que tudo isso não necessariamente precisa ser usado em viagens, mas que podemos colocar em prática em nossa cidade, tanto que a autora mora em New York (sua escolha do inverno).

“Pensei nas pessoas e lugares que eu havia visto, e nos muitos outros que eu não havia visto e desejava ver um dia. E pensei em como temos sorte por aproveitar o que quer que possamos, por qualquer que seja o tempo que temos, em paz, sob um céu azul….”

Me trouxe muitas ideias, muitas inspirações para minhas próximas viagens (quem sabe?!?), recordações. Realmente curti essa leitura!!!!

42. Apenas uma mulher

D.H.Lawrence, 104p. Apenas uma mulher

Peguei por acaso, perdido aqui entre pilhas de livros. Nada especial… apenas achei-o e selecionei para ler.

Conta a história de duas mulheres vivendo isoladas em uma fazenda até que chega um soldado por lá, dizendo que em outros tempos aquela era a fazenda que ele vivia com seu avô. Claro que aquela organização e tranquilidade que elas viviam antes dele, acaba. Eita mundo velho!!!! Rsrssrs

Confesso que me surpreendi com o desenrolar dos fatos e isso foi bem legal!!!

Trata-se de um drama. Curto, mas bem escrito. Linguagem coloquial e certeira. Tornou-se até filme.

Achei interessante que o autor, em um livro tão curto, conseguiu expor as características psicológicas de todos os personagens. As vezes lemos livros gigantes/grossos que só mostram os personagens superficialmente e não senti isso nesta obra.

Um autor famoso que quebrou paradigmas e causou escândalo com sua obra-prima “O amante de Lady Chatterley”. Foi ótimo conhecer algo mais que ele escreveu!

Valeu a leitura!