140. Que falta faz um corrimão

Valquíria Sganzerla, 128p. Que falta faz um

Não li a sinopse, então esperei ser algo sobre deficiência e foi em partes, na verdade é algo sobre esclerose múltipla e como conviver com suas limitações.

A autora convive anos com a doença e compartilha conosco, leitores, os caminhos que trilhou para seguir em frente com todas as limitações que a doença acarreta.

“A vida não é fácil para ninguém, mas ela pode ser vivida mais facilmente quando você dá valor para o que realmente tem valor. O que não tem, embora algumas vezes seja difícil, tem que ser deixado para lá.”

Os capítulos são curtos, a linguagem é super acessível, boa diagramação, a leitura flui com facilidade.

Tenho um familiar com a doença há tantos ou mais anos que a autora e nele pude e sigo acompanhando a evolução dos sintomas e a escolha do estilo de vida que eu aprendi a respeitar, aliás, não só a escolha dele, mas a de todas as pessoas que me cercam.

O livro “clarifica” algumas situações que pessoas com esclerose múltipla passam e em momento algum tem tom de queixa, ao contrário, demonstra apenas força e bom-humor!

“Posso sorrir para quem eu quiser de um jeito fácil e tão espontâneo que me permite conviver melhor com as pessoas que cruzam o meu caminho.”

139. Kafka e a boneca viajante

Jordi Sierra i Fabra, 128p. Kafka e a boneca

“E por que minha boneca escreveu para o senhor?  – Porque eu sou carteiro de bonecas – disse sem pestanejar.”

E eu ri sem pestanejar…. que passagem linda!

“O maior absurdo depende da sinceridade com que é contado.”

Há algum tempo interessada em ler esta obra só consegui adquiri-la agora e no mesmo dia em que chegou eu a devorei, pois além da diagramação fácil de se ler e ser juvenil, a história é tão fofa que nem sei!!!

A trama parte de uma história real que envolve o famoso escritor Franz Kafka e foi contada por sua companheira – Dora Dymant. Nela o escritor passeando em um parque em Berlim vê uma garotinha que chora desconsolada e descobre que a causa daquela tristeza foi a perda de sua boneca.

“Boneca ou não, irmão ou não, eram as lágrimas mais sinceras e dolorosas que já tinha visto. Lágrimas de uma angústia suprema e de uma tristeza insondável.”

Angustiado com a tristeza da menina, inventa que, na verdade, a boneca não estava perdida, mas sim que tinha saído para viajar e que lhe escrevia cartas e que ele era o “carteiro de bonecas”. Com isso ele escreve cartas a garotinha, em nome da boneca, durante três semanas, contando as peripécias da boneca em suas andanças pelo mundo, pois ela passa por Londres, Paris, Viena, Veneza, deserto do Saara, Índia, China, Himalaia, Tóquio, New York, Bogotá, México, Havana, entre outros.

“… os sonhos são a base da vida. Sem sonhos, somos apenas corpos perdidos vagando na rotina. Nunca se esqueça que sou livre porque você foi livre e me transmitiu essa felicidade.”

Há também um dilema de como acabar com essa espera de missivas sem traumatizar a garotinha e a solução só quem ler o livro descobrirá se houve.

“… pense que o futuro não é um problema a resolver, mas um mistério a descobrir.”

O autor dá luz a história com maestria. Não esperem encontrar as quantas cartas reproduzidas, apenas parte de algumas e nem são originais, apenas imaginação do autor, mas o tema cativa e a forma de escrita também.

“…você deve saber que viver é seguir sempre em frente, aproveitar cada momento, cada oportunidade e cada necessidade…. As pessoas e as bonecas são feitas de sentimentos e emoções que é preciso ir usando aos poucos. São nossa energia vital.”

Foi uma leitura fugaz e linda!!!

138. Vença seus pensamentos ou eles vencerão você

Danilo H. Gomes, 74p. Vença seus pensamentos

Mais um e-book para a coleção, mas este foi uma obrigação para o trabalho. Nem gostaria de falar nada sobre ele, pois não acrescentarei muito, mas vou tentar colocar algumas palavras aqui.

Trata dos pensamentos negativos que temos que trazem os sentimentos negativos que carregamos como passado, perfeição, medo, rancor, ira, desprezo, entre outros. O óbvio é apresentado de que a mudança para ocorrer, precisa começar em quem? Em mim mesma!!!! Se fosse só isso estaria tranquilo, pois o livro é curto e fácil de ler, mas ele baseia-se em princípios cristãos com muita colocação de salmos e partes bíblicas que, no meu caso, não fazem o menor sentido e eu acho chatooooooo. Me desculpem, mas assim sou eu. Não gosto desta mistura, acho apelativo, não me seduz, não me convence.

Acrescentou alguma coisa para o meu trabalho? Não! Apenas cumpri uma das etapas da meta. Acrescentou alguma coisa na minha vida? Bom, vamos ser otimistas e pensar que qualquer leitura sempre acrescenta.

Serve aos que gostam de autoajuda e principalmente quando Deus está no meio destes questionamentos e entendimentos.

137. Um poema para cada vez que você partiu meu coração

Leya Walken, 97p. Um poema para cada vez

Um e-book. Eu sigo tentando como vocês podem perceber. Vez ou outra aparece um e-book no repertório, mas não é muito fácil não! Rsrssr …. e tem mais neste caso… poesia?!?! É muita evolução para uma pessoa só – rsrsrsr

Brincadeiras à parte, foi um livro bem gostoso de se ler. Por que? Porque eu consegui entender as poesias e textos que ele apresenta. Na verdade, as poesias apresentam construções diferentes e conteúdos simples, talvez apresentaram alguma facilidade de compreensão por eu ter vivido sentimentos similares, quem sabe? Fala de amor, de aceitação. A tristeza faz-se presente, a dor, mas em muitos momentos claramente percebemos que esses sentimentos negativos serão superados.

Gostei da leitura! Gostei das poesias!

Alguns trechos para vocês avaliarem:

“Ainda que esqueças / que eu exista / estou te amando… / – Tenha certeza!”

“Não nos ensinaram a lidar com a perda / -Ainda que seja de algo / que de fato nunca nos pertenceu!”

Quisera provar do amor / por um breve e doce momento / Mas nunca pensava que a dor / reinasse nesse sentimento”

A madrugada jaz aqui / nada me resta a dizer / tem muito de teu canto aqui / e sou tão pouco sem você”

“Se acaso lembrares que outrora eu te quis / te amei / te olhei / te beijei / (me feri…) / faz de conta que não houve esse tempo! // Hoje basta o silêncio: / -Não te apiedes de mim!”

Respira, que já termina, / o choro acabou / a chuva passou / o soluço calou / e o sangue estancou! / Permita-se, por mim, ser infeliz / sim, mas apenas um instante. // E quando esse momento acabar, / terás te erguido / disposta a encarar / e reencontrar / em si mesmo a força do riso / que colorirá o amanhã.”

136. Aventura no rio Amazonas

Werner Zotz, 228p. Aventura no rio Amazonas

As viagens – qualquer viagem, mesmo as despretensiosas e sem sentido – têm a mágica capacidade de operar mudanças extraordinárias!… O mundo nunca mais foi o mesmo depois que Marco Polo navegou até a China, depois que a frota de Fernão de Magalhães circunavegou a terra. Viagens mudam o mundo porque mudam conceitos, mudam olhares, mudam perspectivas. Mas as viagens mudam, principalmente, o próprio viajante. Ninguém escapa do vírus que uma viagem inocula na alma e na vida de um vivente.

Na iminência de uma viagem entre Manaus e Santarém em um barco gaiola, claro que estava lendo tudo o que encontrava sobre a saga que estava prestes a ocorrer em minha vida.

Um desses encontros foi este exemplar que é belíssimo, repleto de imagens e claro, com uma aventura bem mais completa que a que eu estava prestes a consolidar (e que realizei), mas que me deixou em estado de graça e com mais vontade de ir.

Quando li este livro a viagem não estava certa, na verdade, ela ficou certa apenas dois dias antes de eu resolver pegar um avião e como em boa parte das minhas aventuras, assim foi…. decidi na sexta-feira encarar o “sonho” e na segunda-feira seguinte, cedo, estava embarcando em um avião em direção a Manaus e não me arrependi em nada, mas isso são frases, pensamentos e textos para outro tipo de blog, certo? Aqui, vamos falar deste livro que serviu de fonte de inspiração e de informação.

O autor entre outros atributos, é fotógrafo, então há tantas imagens no livro que só isso já vale a pena, mas além disso, ele nos conta a viagem que faz entre Ilha do Marajó e Tabatinga, viagem realizada em barco, desde a sua chegada em Belém, ou seja, desde onde o rio deságua no Atlântico até a tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru. Foram 3.000 km subindo o rio, eu fiz só um pouquinho e descendo – rsrsrs. No caso dele foram 40 dias, no meu dois. Passamos por alguns lugares comuns como Santarém, Parintins, Manaus e eu viajei com ele nos retratos que ele apresenta da natureza que nos rodeia quando passando pela região, a Amazônia é indescritível. A floresta, o rio, as pessoas, o cotidiano, o próprio barco e sua vida dentro dele.

Uma viagem como a que ele fez ou mesmo a mais simples como a minha, é inesquecível!!! Vou carregá-la comigo para o resto da vida! É realmente impossível passar pelo trajeto sem se envolver, não dá para não notar a natureza, o acolhimento do maior rio do mundo e do verde da maior floresta tropical do planeta.

Ele realiza a aventura ao lado da esposa que é paraense e ela nos mostra uma viagem também  sentimental nos contando passagens da sua infância, da sua família e também nos conta como eles se conheceram, por sinal, o barco e o Rio Amazonas estiveram envolvidos neste momento também.

Neste volume, o autor destaca lugares por onde estiveram, recomenda passeios e programas, indica lojas, comércio, serviços. Ele informa bastante quem deseja realizar algo parecido ou quem sabe, igual. A linguagem é coloquial e bem gostosa de ler, mesmo porque com tantas imagens, como já citei, torna a leitura muito, muito prazerosa. Dá para sonhar com o passeio!!!

Curtam o passeio!!!

135. Pai não entende nada

Luis Fernando Veríssimo, 100p. Pai

Mais um achado perdido no sebo e dizem que é difícil encontrar este exemplar, que paguei pasmem, R$0,50, pois ele é da década de 1970. Claro que sendo o autor quem é, só poderia ser uma seleção de crônicas cheias de humor com o ridículo que é ser humano, as falhas da sociedade e da política do Brasil,  há menção a situações da época em que foi escrito, mas sempre com muito humor e muita ironia.

O engraçado é que apesar de toda a “tiração de onda” do autor com as diversas situações, ele sempre o faz com muita elegância. Não há termos chulos, não há a sensação de “forçar a barra” para dar a sensação humorística.

É interessante observar como ele trabalha as convenções sociais de forma tão mágica. É um livro leve, com linguagem coloquial que traz fluidez a leitura!

Tarzan descobriu nos livros deixados pelo pai o que toda biblioteca deve ser, uma mistura do prático e do maravilhoso. É o lugar onde começamos a nos conhecer.

Mais um Veríssimo para o repertório literário!

134. Longe: Memórias de um Líbano recente

Ana C. Leonardos, 192p. Longe

A autora nos conta suas incursões ao País devido ao seu marido. Relata a saga de uma família libanesa forçada a se espalhar pelo mundo, mas que as raízes permanecem no Líbano. Ela, estrangeira, tem um olhar diferenciado no País e demonstra em seus textos que são deliciosos de se ler, a riqueza e as conturbadas experiências pelo País.

Com a escrita ela não apenas nos mostra um Líbano sob sua ótica, como reconstrói a história da família e passa a entender um pouco mais da intrincada relação de pertencimento, afinal vínculos são estabelecidos com locais que nos tocam de alguma forma. Eu sou um bom exemplo, sou meio do mundo, não me sinto pertencendo a País algum, cidade específica, nada disso, mas há locais que são especiais, que carrego como lembranças de vida. Isso é muito palpável em nossos sentimentos!

…. como o conceito de identidade havia se diluído naquele país ao longo de três longas décadas  e se perdido no meio de todos aqueles escombros que, pouco a pouco, eram removidos da paisagem urbana.

Convenhamos que nós que não vivemos uma guerra tão feroz quanto as que ocorreram no Líbano, não podemos mensurar o quão forte é a frase acima. Pelo menos eu não posso. Acabamos recebendo muitas informações sobre os países em guerra, principalmente aqueles que estão no Oriente Médio, caso do Líbano e eu já me perdi completamente nos porquês destas guerras. Para mim, puro poder mascarado com o tema religião. Triste para todos aqueles que tem como “pertencimento” tais lugares que jamais serão os mesmos após serem tocados por uma guerra, mas a autora nos mostra outros aspectos das famílias que têm o Líbano, neste caso, como local de vida, de história. É muito bonito de se ler, de perceber com outros olhos as imagens de um País.

… a literatura se faz nos espaços e brechas deixados por esse olhar ambíguo e punho incerto.

A autora esteve no País em diferentes ocasiões. Conheceu um Líbano próspero e também um pós-guerra, na verdade, hoje sabemos, entre guerras. Ela nos fala de locais, cidades, história do País onde a escrita está intrincada com a história (antiga fenícia onde tem início o alfabeto), conta sobre as ruas, a família, as viagens, o quanto era um País importante. Ela reconstrói o mosaico de informações que recebe e vê e nos dá um parâmetro bem interessante do País. Com certeza se um dia eu tiver a oportunidade de ir até lá vou reler este volume.

Foi uma leitura rápida, gostosa e muito interessante!