175. Honra, amor e café

Ana Claudia, 34p. Honra amor e café

Trata-se de um e-book que eu escolhi  pois café é um tema que me interessa. É mais um conto do que um livro, mas eu o incluo aqui, pois trata-se de autora tentando entrar no mercado e é bem legal poder dar esta força, divulgando de alguma maneira (mesmo bem simples como essa) o trabalho dela e, não, eu não a conheço. Apenas li seu livro e compartilho minhas impressões com vocês.

Trata-se de uma história que se passa no Brasil, em uma fazenda de plantação de café no período dos imigrantes. Nesta história aparecem os japoneses e os italianos, uma bela plantação, o barão, sua esposa controladora e seu filho, como dizer: o maior babaca (rsrsrs).

Os personagens são pouco trabalhados, o ambiente também, mas acompanhamos a perseguição que uma jovem japonesa sofre e as consequência para todos.

A leitura foi simples e rápida.

174. Os destinos das comissárias: guia com 50 viagens só para mulheres

Flávia Soares Julius, 266p.

Os destinos das comissárias de vooNa verdade o livro fala de alguns destinos pelo mundo como Terra do Fogo, Titicaca, Machu Picchu, Galápagos, Amazonas, Costa Rica, Jamaica, México, Havaí, Alasca, Vietnã, Tailândia, Nova Zelândia, Marrocos, Egito, Grécia, Eslovênia, Escócia, Espanha, entre outros e no final de cada “viagem” há uma perspectiva de pelo menos uma comissária de bordo de alguma Companhia Aérea seja brasileira, espanhola, filipina, tcheca, australiana, inglesa, entre outras.

Cada destino apresenta dicas e mais 10 motivos para conhecê-lo.

No final do livro há alguns aspectos históricos relacionados à profissão de comissário e a aviação.

Foi legal e acabei pegando algumas dicas de viagens, o que sempre é legal, inclusive algumas associadas a viagens literárias.

Não foi nenhuma leitura excepcional. Conheço boa parte do que foi apresentado e em alguns concordei com o exposto, em outros não, mas isso é o que é o legal tanto de ler como de viajar. Tirar suas próprias conclusões!!

Boas leituras e boas viagens!

173. Morra, amor

Ariana Harwicz, 204p. morra amor

Sabe aquele estilo que os intelectuais adoram elogiar? Pois foi esta sensação que tive e que para mim revela-se um texto sem pé nem cabeça, com uma mistura de frases, palavras e sentimentos sem sentido. Para minha cabeça uma chatice. Foi difícil terminar e sinceramente pensei em não o fazer, mas segui e terminei. O que restou?

Nele uma mulher luta com seus devaneios. Ela tem um bebê, é casada, mas vive cheia de terrores, agindo feito louca.

Gostaria que tivesse sido diferente, pois o comprei para conhecer uma autora argentina contemporânea, mas não, eu não me diverti, eu não gostei, não é para mim! Mas, sinceramente espero que seja o seu estilo, espero que você tenha muito prazer em ler esta obra!

Então…. mãos à obra!!!!

172. Na pele de um dalit

Marc Boulet, 320p.

“O medo é como a dor: difícil recordar sua intensidade quando acaba.”

na pele de um dalitO autor, um jornalista francês, cria seu personagem, um “dalit” de nome Ram Munda que, na verdade, é ele mesmo transformado com muita tintura de pele e de cabelo.

Com sua nova identidade ele vive por pouco mais de um mês pelas ruas de Benares. Um “dalit”, a classe mais baixa na sociedade de castas indiana. Sua transformação é incrível e a aceitação de viver no meio de tanta imundície me deixa perplexa e nem sei se tiro o chapéu!!!!

A Índia, para mim, é um destino complicado. Estive lá mais de uma vez, mas segue como um destino em que nunca me senti pronta para enfrentar!!! E olha que li, estudei, me preparei antes de ir e mesmo assim, fui surpreendida com tantos mendigos, tanta sujeira, e o livro fez com que eu recordasse das minhas passagens por lá e eu fui sentindo nojo, um sentimento de incômodo ao ler as passagens apresentadas. Estar na Índia foi uma mistura de sentimentos: piedade, incompreensão, empatia (chorei em algumas situações que vi), asco, esplendor… difícil explicar!!!

“… miséria nunca é comum. Hoje eu sei disso. É por demais dolorosa, desumana e escandalosa.”

A Índia é brutal e pelo relato que li nesta obra passo a ter certeza do que já sentia: egoísmo, desprezo, intolerância, hierarquia, brutalidade, hipocrisia. Mas em meio a tudo isso, eu gostei de conhecer parte do País? Sim. Há lugares excepcionais para se visitar, mas gostei pela visão de turista. Como ser-humano a visão é outra. E o que importa neste texto, gostei desta leitura? Sim. Achei corajoso por parte do autor assumir uma nova personalidade em um contexto tão diferente! Fica a dica para aqueles que gostariam de entender um pouco mais sobre o sistema de castas que existe na prática na Índia, mas não reconhecido oficialmente.

171. A estrela sobe

Marques Rebelo, 220p. A estrela sobe

Era do rádio (segunda metade da década de 1930). Na sociedade carioca uma mulher luta para ser cantora, um desejo que ela quer alcançar usando qualquer artifício.

Durante a leitura nota-se a degradação da sociedade, os embustes, a ilusão. Tanto que tive que parar de ler esta obra por algum tempo, pois me senti triste por algumas passagens. Simplesmente parei para respirar um pouco e depois segui.

Gostei pois demonstra a época e eu adoro conhecer valores, locais e histórias do passado e o mais legal foi tratar-se de um passado que fica pertinho de mim – o Rio de Janeiro e que tenho a sorte de conhecer um pouco, o que permite que eu me transporte para os locais apresentados na obra, o que eu adoro. Dar espaço real a minha imaginação!

Gostei da escrita que flui muito bem, sem exageros nem para o erudito nem para o super coloquial. Uma obra que vale a pena ser “vivida” apesar dos dramas e de tantas falcatruas e enganações que existiam e ainda existem em todos os ambientes profissionais e na relação homem x mulher. Muito triste!

169. A sucessora / 170. Rebecca

169. Carolina Nabuco, 200p. / 170. Daphne du Maurier, 396p.

Então, de novo eu errei e pulei um livro, por isso os dois livros em um mesmo post? Errado!!!!! – rsrsrs – Desta vez a coisa foi feita bem pensada e analisada. Os dois juntinhos, pois há um “boato” de que a autora inglesa plagiou a brasileira. Isso lá pelos idos da década de 1930/40 e eu queria “sentir na pele” para poder discordar ou não dessa colocação.

Mas, como todo o burburinho entre as obra começou?

O da brasileira foi lançado em 1934 e anos depois, na década de 1970 foi adaptado para uma novela na Rede Globo. Mas, o que chamou a minha atenção nestes livros foi a polêmica/escândalo que houve nos meios editoriais devido à semelhança entre ele e a história do filme “Rebecca, a mulher inesquecível” de Hitchcock, vencedor do Oscar de 1941 e que baseou-se no romance “Rebecca” da inglesa Daphne du Maurier, publicado em 1938. A autora inglesa havia plagiado o original brasileiro? A autora brasileira, muito triste, preferiu esquivar-se do conflito. E eu com o “Rebecca” entre as prateleiras, resolvi ler os dois simultaneamente e tirar as minhas conclusões.

A sucessoraVamos lá: o primeiro, da brasileira, descreve a posição da mulher na sociedade na década de 1930 com os tabus e opressões que raramente eram discutidos na literatura naquele tempo. Nesta obra, uma jovem, Marina, do interior, casa-se com um milionário viúvo e vem morar em sua mansão no Rio de Janeiro onde há fragmentos de sua ex-mulher, Alice, por toda parte, inclusive a presença de uma tela da ex-mulher que perturba nossa protagonista e também uma cunhada bem antipática que não a faz sentir-se bem-vinda. Pior: a ex-mulher era adorada pela maior parte da sociedade e dos amigos do casal, os quais Marina, nem os nomes consegue memorizar. Lendo e achando Alice tão fútil, torci por minha heroína, a inteligente Marina, acabar se dando bem, mas nem imaginava o que poderia ocorrer e nem contarei aqui. Leiam!!! Rsrsrs 

RebeccaO da inglesa, Rebecca, uma jovem acompanhante de uma rica e inconveniente senhora conhece em Monte Carlo um viúvo milionário que lhe faz a corte. Ela casa-se com ele e vai morar em uma mansão famosa e meio tenebrosa com segredos, quartos fechados e empregados taciturnos. Rebecca como a Alice da brasileira, era uma grande anfitriã e adorada por todos devido a sua elegância. A tela também existe, mas não é logo explícita pois Madame (Rebecca) não gostava muito dela e a cunhada também existe, mas não parece tão mesquinha quanto a da brasileira, em compensação a governanta…. vixiiiiii! Rsrsrsrs….

A verdade é que nota-se que a ideia geral do enredo é a mesma, mas os acontecimentos são bem diferentes entre eles. Ainda bem!!!

As duas obras são muito boas e eu gostei demais de fazer esse comparativo. Foi ideal ler os dois ao mesmo tempo, ora um pouco de um, ora um pouco do outro para ir sentindo os detalhes de cada volume e poder compará-los. Em nenhum momento confundi um ou outro, mas sou bem habituada a ler diversos livros ao mesmo tempo, mas mesmo quem não tem esse hábito, não terá dificuldade na leitura simultânea dessas obras, pois as personagens, os locais, o desenrolar das cenas são diferentes.

Se foi plágio ou não, não posso afirmar. Acredito que serviu de base e que talvez a autora não esperava tanto sucesso. Virar filme que ganha Oscar?!?! Naquele tempo não havia o dinamismo da comunicação de hoje, portanto alguém ler aqui e depois lá e associar ambas as obras seria bem difícil!!! Mas, a polêmica ocorreu e cá estamos….. décadas depois, ainda discutindo o tema e eu me divertindo lendo ambas as obras. Sinceramente: foi uma delícia!

Ah… aos fãs da cantora Enya, saiba que ela vive em um castelo vitoriano ao qual deu o nome de Manderley que é o nome da mansão em que ocorre a trama do volume inglês, de tanto que ela gostou da obra.

Divirtam-se!

168. Deixe a noite chegar

Mary C. Morrison, 167p.

CapturarO livro fala sobre a aceitação do envelhecimento. Para abordá-lo, vou apenas colocar trechos que destaquei, pois desta forma acredito que o objetivo do livro será exposto. Foi uma boa leitura, pois sinto como todos em algum momento sentimos, o que aborda o livro. Vejo muitas pessoas não preparadas para o natural da vida e a aceitação sem um trabalho psicológico feito anos antes imagino que seja bem mais difícil. Não é fácil sentir a mudança do nosso metabolismo, dos nossos reflexos, da nossa memória, da aceitação e de tantos outros itens que estão associados a uma mudança de idade que boa parte da sociedade ainda não percebeu que é a realidade! Os velhinhos hoje não são mais velhinhos….. jovens de 60, 70, 80 anos e mais circulam produzindo e muito no cotidiano de todos os lugares deste mundo! A perspectiva de tempo de vida, todos sabemos, aumentou, mas a percepção de que, mesmo assim, a idade chegará e que há limites sim impostos por ela muitas vezes não é aceito. Particularmente aceito relativamente bem. Não é fácil ver o meu corpo não reagindo da mesma forma a um pedaço de bolo (hoje o bolo se acumula no abdômen com mais facilidade), subir as escadas vai tornando-se mais difícil, a pele começa a ficar diferente, surgem manchas, flacidez e nem tudo será resolvido em 15 dias, aliás imagino que nunca mais será totalmente resolvido, portanto é preciso atenção, mas principalmente aceitação. E é deste assunto que este livro trata. Muito legal! 

Talvez como sugere algumas linhas do livro seja importante avaliar características importantes da infância como ausência de ego e curiosidade, mas ter ciência da perda natural da agilidade, de existir uma falta de energia, mas pensar que esse cansaço proporciona suas dádivas quando se está alerta para reconhecê-las. O alerta, o grande desafio mesmo, como o livro cita, é estar sozinho! Portanto, para quem ainda não se deu conta disso ou desse risco, comece a trabalhar “na causa”. Eu cuido disso diariamente. Aceitar a mim mesma e sentir prazer em conviver comigo está embutido em meus dias. Como sempre digo, se há mais alguém para compartilhar, melhor. Se não há, sou feliz do mesmo jeito!

“Envelhecer requer coragem. Presidir a desintegração do próprio corpo, exige um heroísmo que não é menos impressionante por ser silencioso e paciente.”

“Observar o que faço para descobrir quem sou.”

“… as dificuldades do envelhecimento nos alcançam imperceptivelmente.”

“Agora é a nossa chance de saborear um dos grandes prazeres da vida, o de trabalhar para o interesse comum, com amigos agradáveis.”

“Não há nada como a terceira idade para tornar as pessoas conscientes das maravilhas do corpo humano e da mente.”

“É provável que em toda a vida não tenhamos parado para ficar conosco mesmos, para servir nós mesmos, e descobrir como seria nosso próprio ritmo de vida pessoal, se deixados a sós, para saber o que pensamos, como sentimos, como funcionamos em um espaço que é nosso.”

“… quanto mais pareça ser a coisa certa a se fazer e a hora certa de fazê-la, ainda assim a determinação para assumir um padrão de vida diferente é difícil, quando precisamos deixar o ambiente conhecido e todo o passado em que vivemos e que amamos durante tantos anos. É uma superação dolorosa, mas traz outra dádiva: a oportunidade de dizer adeus.”

167. O farol e a libélula

Jean E. Pendziwol, 303p.

O farol e a libélulaHá algumas coisas no mundo que nos fascinam, certo? No meu caso, além do óbvio fascínio pelos livros há outras coisas e, uma delas são os faróis. Adoro visitá-los, acho suas fotos e imagens sempre belíssimas e sempre que posso incluo algum nos meus passeios por este mundão!

Vez ou outra aparecem os dois fascínios juntos e normalmente eu nem leio a sinopse e acabo encarando a leitura. Confesso que, pelo que me recordo, sempre são leituras que me agradam.

Este não foi diferente. Trata-se de um romance bem suave. Nele uma órfã que causou algum transtorno acaba tendo que cumprir serviço comunitário em um local para idosos e lá conhece uma senhora. Surpreendentemente suas vidas estão entrelaçadas pelo passado e com a chegada de uns diários do pai da senhora isso fica evidente. 

Na narrativa tudo vai transcorrendo tranquilamente e suavemente, mesclando passado, futuro e presente de forma bem gostosa.

Foi uma leitura gostosa, uma história que me envolveu e senti muita ternura!

166. Histórias e impressões de viagens

Roberto Saad Junior, 168p.

HistóriasColetânea de “causos” pelos quais o autor passou durante seus passeios por este mundão. O autor nos conta que desde os 20 anos viaja pelo menos duas vezes ao ano (ele é professor) e então, passeamos com ele pelo Uruguai, Peru, Argentina, Chile, Bolívia, partes do Brasil, Itália, Holanda, Istambul, Israel, Egito, Portugal, Espanha, Áustria, França e outros lugares conhecendo a cordialidade de diferentes nacionalidades, contratempos e qualquer outro “causo” que ele quisesse compartilhar conosco.

São passagens às vezes engraçadas, outras nem tanto de um turista, portanto a visão de um viajante. Não tem nada demais, a escrita é coloquial e a diagramação tem diversos erros de parágrafos, o que não me incomoda, mas pode deixar alguns leitores malucos!

Foi legal? Na verdade foi OK. Não trouxe nada demais, mas não decepcionou. Encontrei o que esperava e tentei tirar algumas dicas de viagens! São apenas impressões de por onde ele andou!

Valeu!

165. O menino que sobreviveu

Rhiannon Navin, 351p.

“Não sei como uma alma é. A mamãe disse que elas são todos os nossos sentimentos, pensamentos e memórias…” O menino que sobreviveu

Em uma escola entra um atirador e muitas crianças morrem enquanto outras estão presas em armários tentando escapar do atirador. Um dos que escapam é o narrador deste livro, o Zach, um garoto de 6 anos que tenta entender toda a sua nova realidade em casa com ausência do irmão, a fuga da situação por parte do pai, a loucura da mãe e seus próprios medos, dúvidas, o luto.

O livro explora a difícil relação familiar após a perda de uma criança; fala sobre trauma, sobre aceitação, há muito sentimento apresentado e trabalhado nos parágrafos ao longo da leitura e tudo através da visão de uma criança. 

“Uma tristeza silenciosa. Talvez a mamãe não conseguisse ouvir porque ela estava fazendo muito barulho.”

Há partes extremamente tristes onde foi possível “sentir o sentimento” que estava sendo expressado e outras que o narrador apresenta o sentimento de forma tão bonita que acabamos nos envolvendo na ternura daquilo, apesar do peso associado ao sentimento apresentado. Gosto muito quando a escrita envolve-me desta forma. É muito bom!

Foi uma leitura boa. Alguns leitores choram em suas passagens. Comigo não aconteceu. Foi bacana!

“… a arte é sempre uma expressão dos nossos sentimentos, e é uma boa maneira de lidar com eles.”