101. Córidon

André Gide, 121p.

CóridonUm livro escandaloso para a época em que surgiu, 1924, falando de homossexualismo e combatendo os preconceitos homofóbicos, sendo o próprio autor um homossexual.

No texto seus amigos submetem o que leem e, assustam-se com o impacto que aquela publicação trará a vida do autor e segue a discussão com historiadores, filósofos, poetas, escritores, amigos. Nele há o argumento de que o homossexualismo sempre existiu, em todas as civilizações consideradas avançadas. Aquilo tudo que sabemos hoje, aliás, que sempre soubemos, mas que, por muito tempo, foi camuflado, aqui é exposto, só que, de novo, vamos recordar, era 1924 quando da publicação! Se até hoje, o tema ainda causa desconforto (afff), imaginem na época!

Na verdade, o autor completou a obra anos antes da sua primeira publicação com apenas 21 volumes em tiragem particular.

O p´roprio autor escreveu sobre Córidon: “…os meus amigos insistem que este pequeno livro é do tipo dos que me prejudicaram mais”.

 

100. O amor que sinto agora

Leila Ferreira, 252p.

Foi uma boa surpresa. O amor que sinto agora

Uma mãe deixa uma carta para sua filha que, ao longo da leitura vai respondendo esta carta, contando as dores, amores e coisas que ela não contou enquanto a mãe vivia. Percebemos que todas as famílias tem seus dramas e suas histórias engraçadas.

Fui lendo e questionando onde era ficção e onde era realidade, pois a autora cita que trata-se de um encontro de ambas as coisas.

A escritora é uma jornalista que conhecemos, você terá certeza ao ver sua foto. No livro, uma sucessão de relatos sobre o luto e toda a aprendizagem de vida. Pareceu-me um momento de terapia onde a autora foi desenvolvendo, através do pensamento e da escrita, as reflexões e soluções para o que havia vivido e acontecido até então. aqueles sentimentos que vamos deixando de lado e, que, desta forma, tornam-se monstros que não sabemos como enfrentar, até que chega o momento de abrir a caixa cheia de dilemas e dúvidas e encarar os fatos. Pareceu-me que foi o que aconteceu neste livro. Chegou o momento da autora! Reviver certas feridas do passado e trabalhar para um futuro mais cheio de brilho e emoção! No meio disso tudo uma viagem pelo México, Egito e França. Ok, ok…. concordo que viajar é o melhor remédio para curar males e dores. Parece que estamos visualizando nosso dilemas de longe, do alto, não sei bem; mas, parece que eles pertencem a outro ser, século, não sei…. e vamos trabalhando as dúvidas e tornando-as mais fáceis de serem solucionadas e tornarem-se certezas.

Não importa como, mas importa sim dar um jeito no que passou e seguir para um futuro mais legal. Acreditar!

Pareceu-me uma leitura profunda para a autora e branda para quem lê, afinal por mais que eu encontre os mesmos problemas ou parecidos com os que leio, só quem sente consegue medir a intensidade deles no seu cotidiano.

De qualquer forma, esta leitura pode levar-nos a reflexões sobre nós e sobre os nossos dias. Curtam! Reflitam!

99. A casa inventada

Lya Luft, 111p.A casa inventada

São 7 capítulos, cada um estruturado em um cômodo de uma casa em que ela viveu quando nova. Parece ser um pouco memória, um pouco ficção, uma mescla de Lya Luft, autora que prezo muito, que tem uma cadência na escrita que me atrai.

Há contradições da vida familiar, cotidiano só como ela consegue descrever, parecendo lembranças. São os temas dela, ou seja, os laços de família, sua própria história, reflexões sobre o cotidiano.

Não foi o livro dela que mais me chamou a atenção, entretanto, em minha opinião, é uma autora que sempre vale a pena. Para os que não sabem, são 55 anos de carreira na literatura e muito a dizer e já dito/escrito.

Aproveitem!

 

 

 

 

 

98. Muito além do inverno

Isabel Allende, 293p.

Isabel Allende portanto, aquela mescla de personagens, dramas e histórias. Acho que ela tem uma leitura que não rende mas, que eu adoro!!! rsrsrsMuito além do inverno

O romance tem de tudo: paixão, humor, sabedoria, desgraça, questões sobre imigração, passado recente até o longínquo, pessoas diferentes de tudo e todos os valores se encontrando em uma história cheia de histórias.

Na verdade, a trama envolve três personagens distintas e, tudo começa com um acidente de carro sem muita relevância, mas que dá margem a muita história e muita filosofia.

Neste livro aprendi que ela sempre começa a escrever um novo livro dia 8 de janeiro.

Neste a leitura flui bem, tem partes e inserção de fatos históricos do Chile, Guatemala, Brasil, etc como é hábito da autora.

Isabel Allende é sempre uma autora que vale a pena!

97. Cozinha confidencial

Anthony Bourdain, 408p.

Cozinha confidencialPor acaso esse era um dos livros que eu estava lendo quando o autor, famoso chefe, cometeu suicídio. Triste!

Ele conta sua trajetória no mundo dos restaurantes de modo bem coloquial e arrebatador, com “causos” engraçados e outros nem tanto.

Conheço “pouquinho” do meio, mas ouvir algumas histórias de restaurantes 5 estrelas que não cabem muito bem no quesito higiene e qualidade, é um tanto quanto desagradável.

Sinceramente acho que a “modinha” gastronômica passou do limite, com muitas invenções que não me convencem, mas não é o foco deste livro, nele o autor, sincero, narra sua vida “entre panelas”.

Na contracapa a menção que ele quer no livro “escandalizar, fazer rir e ensinar o que vai pelas cozinhas do mundo.”

Foi uma leitura intensa, interessante e recheada de boas e loucas histórias! Gostei!

96. Quarenta dias

Maria Valéria Rezende, 245p.

Na trama uma senhora, hoje avó, sai da Paraíba para Porto Alegre, meio que obrigada, para ajudar a filha que decidiu ser mãe e a envolveu nisso.Quarenta dias

Ela passa quarenta dias perambulando pela cidade, vivendo com o que há em sua conta até se ver sem nada, dormindo na rodoviária, na praça e onde der, conhecendo os mendigos da cidade e visitando as favelas com a desculpa de estar procurando alguém da sua terrinha. Um vai e volta, uma introspecção sobre o que vale a pena. Ela foge do seu apartamento para viver o novo? Ou seria para reencontrar-se naquele novo estado de vida que ela não tinha articulado, pensado, sonhado, imaginado. Uma andarilha por 40 dias, aí está o nome do livro.

A linguagem é simples, e com ela fui questionando a minha vontade de sumir por este mundo vez ou outra, procurar me entender, aceitar os desafios, os defeitos, as alegrias, os sucessos e os não tão sucessos assim, os arrependimentos, os dilemas… e então, percebo que tudo está dentro de mim, mas o livro foi me levando com ela, mas sem pretensões, sem chocar, sem cansar e sem filosofar de forma chata. Uma caminhada, vi desta forma.

Leitura que me surpreendeu e valeu!

 

95. O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares

Ransom Riggs, 335p.

O orfanato da Srta. PeregrinePensa em uma leitura chata?!?! Agora pensa de novo?!?! Entendeu o que me pareceu?!?! Claro, foi para mim…. como sempre digo, para você pode ser completamente diferente.

Sei que é uma literatura fora do meu contexto tanto etário como literário, mas Harry Potter também era e eu adorei cada volume. Esta aqui… sem chance.

Uma história com seres estranhos, de vidas estranhas, que somem, aparecem e vivem em um mundo à parte que sinceramente não fez a minha cabeça e ainda a edição com letras pequenas… aff!!! Um dos poucos livros que pensei que não chegaria ao fim!

Entretanto, fez tanto sucesso que virou filme e tem continuidade, portanto mais uma vez reitero, é apenas a minha opinião.

As fotos valem a pena para que você interprete melhor as cenas descritas mas, foi só o que vi de bom.

Espero de coração que seja apenas o meu gosto, e tenho certeza que é, certeza que a maioria dos que leem este livro gostam muito e querem a continuação…. eu não!!!

94. Uma casa na floresta

Laura Ingalls Wilder, 142p.Uma casa na floresta

Trata-se do primeiro volume de uma série de livros infanto-juvenis escrito por Laura Ingalls Wilder, série mais conhecida no Brasil por sua adaptação para TV, que ganhou o nome de “Os pioneiros”, mas que não é da época de vocês (srsrsrs), contando a história da família no meio-oeste.

A autora nasceu em uma pequena cabana de troncos e viajava com a família de carroça, exatamente como descreve no livro, que foi primeiramente publicado em 1932, e toda a série entre 1932 e 1943. A incentivadora para que ela escrevesse suas “memórias” foi a própria filha pois, dizem que ela romanceou suas memórias para mostrar aos netos a realidade tão diferente que ela havia vivido.

O ano de início deste volume é 1868. A história é singela com a vida cotidiana da família onde eles produzem tudo o que consomem, como manteiga, por exemplo, queijo, as bonecas são de pano e de um valor inestimável, etc. e, como para nós, seres da cidade e do século atual ou anterior a este, as situações são surreais e envolventes, pois os valores são simples, bons e a vida, apesar de trabalhosa, parece mais feliz! Para se ter uma ideia, os vizinhos mais próximos estavam a mais de um dia de cavalo de distância. As aventuras estão associadas a ursos, panteras, lobos e outros animais da floresta. Muito legal!

Linguagem simples e apropriada ao público alvo, sem contar que dá o tom exato para o tipo de história que estamos entrando. Bom, muito bom!

Diverti-me muito!!! Agora, partir para os demais volumes assim que possível!!

93.Minhas vidas passadas (a limpo)

Mário Prata, 172p.Minhas vidas passadas a limpo

E aqui estão as histórias de algumas regressões do “autor”.

Na primeira ele foi Ana de Betânia, irmã de Lázaro, dona de uma taberna onde ocorreu a Santa Ceia que foi em uma mesa redonda. Adorei toda a história e a presença da personagem por todos conhecida, jesus, o político. Sensacional!!

Na segunda foi a coitada da esposa de Dante Alighieri, Gemma, que teve 9 filhos com o “tratante” do Dante.

Na terceira, um homossexual chique da corte de Henrique IV… e dá-le rir do próprio autor.

Quarta vida, era Anhangá, um índio brasileiro que tem 9 mulheres. este índio assistiu ao descobrimento do Brasil. Ri muito, muito lendo essa etapa.

Na quinta, um frei português, que após o descobrimento também vem para o Brasil e lá vem confusão.

Sexta trata-se de uma das amantes de Toulouse-Latrec, parisiense.

Tem muito, muito humor. É divertido!!!

 

92. O filósofo peregrino

Marcos Bulcão, 374p.

O filósofo peregrinoQue bom encontrar alguém com os mesmos dilemas que eu! Sim, pois ele diz: “quero a vida estável, uma carreira, um papel na sociedade, mas não menos uma vida nômade, com liberdade para ir aonde quiser e no momento em que a sede de novidades sobrevier, sem necessidade de justificar meus atos ou mudanças, de humor ou cidade, país ou profissão, porque eu estaria tão próximo do anonimato quanto possível.”

Tudo isso é tão eu!!! E não acaba aí… veio mais… “Alguns dirão que não há problema algum. Cresça, eis a resposta… fiz a única coisa que uma mente curiosa poderia ter feito: tentar. Tentar viver e conhecer tudo, não fechar as portas a nada, a nenhuma oportunidade, a nova experiência. Assim, viajei tanto quanto pude, fiz turismo de luxo e mochilei, mas também tive minha parte de assentamento…. sou rato de biblioteca… posso passar dias apenas na companhia de livros….”

Quer mais eu do que isso?!?!?!

E a filosofia de vida seguiu e eu fui me encontrando!!

O autor descreve sua peregrinação de Londres à Roma à pé pela Via Francígena que remonta ao século X quando o arcebispo de Canterbury registrou as etapas de seu percurso na volta de Roma, em 990, mas, 1000 anos antes, após Cláudio César liderar a segunda invasão romana da Grã-Bretanha, em 43, uma rede de estradas foi construída para conectar Roma à província da Britânia. Era a espinha dorsal do sistema (viário romano), que permitiu a expansão mercantil entre as diferentes regiões do império.

Foi redescoberta em 1895, quando o itinerário do arcebispo foi refeito por um arqueólogo italiano e o trajeto, dividido em 80 etapas, cortando 4 países (Inglaterra, França, Suíça e Itália) tornou-se “Itinerário Cultural Europeu”.

A jornada é muito legal e a escrita também. Passavam-se os capítulos sem eu notar. Uma delícia! E que coragem!! E quando eu via jornadas de 35, 48 km?!?! Afff… eu, preguiçosa que sou, não faria nem 10 km/dia. Imagina…. Mas, ler a jornada dele inspira, dá vontade de cair na estrada também… e, à pé, como ele!!!

Vamos caminhar?!?!?